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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

o dia

Chefões de ataques vão ser transferidos de prisão

Apontado como articulador dos atentados no Rio, Marcinho VP e mais 14 traficantes que cumprem pena em Catanduvas, Paraná, mudarão de endereço para Rondônia

Rio - Principal articulador dos ataques no Rio, o traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, e outros 14 chefões do tráfico de drogas serão transferidos do presídio de segurança máxima de Catanduvas, Paraná, para outra unidade, a Penitenciária Federal de Porto Velho, Rondônia, a 3.500 quilômetros do Rio. A decisão é do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça.
“As transferências já foram autorizadas. É uma estratégia de segurança. O ideal é que o rodízio seja feito a cada dois anos. Assim, impedimos que os parentes deles criem relações de amizades nas cidades”, analisou o juiz-corregedor de Catanduvas, Nivaldo Brunoni.

Foto: Divulgação
A penitenciária de Catanduvas, de onde 15 chefões do tráfico serão transferidos. Presídio vai receber oito detentos que estavam em Bangu 3 | Foto: Divulgação
Ontem, o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, informou que já pediu a transferência de oito detentos de Bangu 3, no complexo penitenciário de Gericinó, para Catanduvas. Barreto ofereceu ainda 50 vagas ao Rio em presídios federais. O Ministério Público Estadual também já pediu à Justiça Federal a prorrogação da permanência de oito chefões do tráfico em presídios federais, entre eles, Marcinho VP; Marco Antônio Pereira Firmino, o My Thor; Isaías Costa Rodrigues, o Isaías do Borel; Elias Pereira da Silva, Elias Maluco. Marcinho VP e My Thor estão em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) há dois meses, desde que foram apreendidas duas cartas que falavam de represálias às UPPs. 

Ontem à noite, além dos oito de Bangu 3, mais dois foram para Catanduvas. No grupo de Bangu 3 está Claudio Henrique dos Santos, o Tchuca ou Doutor, apontado como um dos principais aliados dos chefões do tráfico. Os outros dois foram presos durante ataque em Copacabana. 
 

A transferência do complexo de Gericinó foi feita por um helicóptero da Marinha até a Base Aérea do Galeão, na Ilha do Governador. A Secretaria de Administração Penitenciária não descarta a hipótese de mandar mais internos para Catanduvas. Os casos serão analisados pela Justiça e Ministério Público.

Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Agentes penitenciários fazem transferência de presos de Bangu. Marcinho VP (acima) e Elias Maluco deixarão o Paraná e irão para Rondônia | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Polícia apura união de facções rivais em atentados

Os serviços de inteligência da Segurança Pública do Rio de Janeiro ainda tentam decifrar o enigma da união entre as facções Comando Vermelho, que tem os Complexos do Alemão e da Penha como base principal, e Amigos dos Amigos, cujo o quartel-general é a Favela da Rocinha, em São Conrado. 

Como O DIA vem mostrando desde segunda-feira, o trato foi selado num baile funk na Rua 1, na comunidade de São Conrado, sábado, onde uma das principais lideranças do Alemão, Diego Raimundo da Silva Santos, o Mister M ou 50, esteve presente.
 

As investigações da Polícia Civil já identificaram a ligação direta do CV com os ataques. O que ainda não ficou claro foi a entrada dos criminosos da ADA nessa onda de terror.

“Não conseguimos registrar nada que comprove a ligação da Rocinha com qualquer um desses ataques. Não sabemos se esse acordo foi apenas territorial”, diz um investigador.

Acordo territorial, claro, significa um terreno a mais de refúgio em caso da expansão das UPPs. Chefão da Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, está preocupado, já que a previsão é de que a UPP em São Conrado chegue ano que vem. Seu outro único abrigo natural, o Complexo de São Carlos, deve ser ocupado até o fim de dezembro.

A preocupação aumenta à medida que, antes mesmo dessa união, o próprio Nem já vinha mantendo boas relações com a cúpula do Terceiro Comando Puro (TCP). Com o Fernandinho Guarabu, do Dendê, a relação é de amizade. Com Márcio José Sabino Pereira, o Matemático, de Camará, a relação tornou-se comercial, já que Nem virou um de seus fornecedores de coca.

Traficantes mortos haviam se deslocado por causa das UPPs

A Polícia Militar do Rio confirmou ontem que a maioria dos traficantes mortos nos confrontos ocorridos nos últimos quatro dias não eram oriundos das regiões onde estavam escondidos. De acordo com as investigações, eles teriam se refugiando nessas comunidades após a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora nas favelas que dominavam.

Apesar disso, o porta-voz da PM, tenente-coronel Lima Castro, negou que as UPPs tenham provocado uma fuga em massa de traficantes para comunidades ainda dominadas pelas quadrilhas.

“As lideranças normalmente têm o poder de se movimentar de um lado para o outro. Mas o grosso do narcotráfico não sai. Até porque você não teria como acomodar todo mundo numa outra comunidade. Mas, que teve uma movimentação, e que tem gente que morreu e que foi preso, que não era originário da área, eu confirmo”, declarou Lima Castro.

O oficial também informou que o policiamento nas comunidades pacificadas foi reforçado. O objetivo é evitar tentativas de retomada desses territórios.

Mais nomes identificados

A polícia sabe também que um dos principais articuladores desse acordo foi Cristiano de Sá Silva, o Abelha. Ex-fornecedor de drogas (matuto) do CV, ele virou ADA por causa do irmão, Saulo — que está preso. Em outubro, Abelha ganhou o benefício de visitar a família e não voltou mais, assumindo o controle da mistura das drogas na Favela da Rocinha e está ao lado de Nem. Outros dois bandidos do CV que teriam participado da negociação também foram identificados: Eduardo Herculano da Silva, o Avião da Mineira, um dos contadores da quadrilha, e o chileno Carlos Orlando Messina Vidal, o Gringo.

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