Brasileiros do Al Wahda aguardam o Inter de braços abertos. Quase todos...
Ex-colorados Fernando Baiano e Magrão garantem recepção de ouro e até torcida no estádio em caso de eliminação. Mas há um ex-gremista no caminho
O Internacional espera até seis mil torcedores em Abu Dhabi para a disputa do Mundial de Clubes. Pois então pode colocar mais dois na lista. O Al Wahda, time representante dos Emirados Árabes, o país sede, conta com três brasileiros em seu elenco: os ex-colorados Magrão e Fernando Baiano. Tanto o volante quanto o atacante aguardam o Inter na próxima quinta-feira de braços abertos. Mas há um ex-gremista no meio do caminho: Hugo, campeão gaúcho com o Tricolor em 2010.
O meio-campista, é claro, não trata a competição com motivação para levar a melhor sobre um ex-rival. O que não quer dizer que estará presente no estádio Zayed Sports City em caso de eliminação precoce torcendo pelo bicampeonato colorado com uma camisa vermelha. É o que querem Magrão e Fernando Baiano...
– Claro que não! Aí já é demais para mim, jamais iria poder fazer isso (risos). O Magrão criou identidade com o Inter, eu com o Grêmio, e a rivalidade existe. Sabemos que lá no Rio Grande do Sul a coisa é séria. Respeito muito o Inter, o grupo é realmente muito bom, com jogadores de seleção, e espero que eles possam representar bem o Brasil. Mas eu vou torcer para o Al Wahda, time que defendo – disse Hugo, em entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM, enquanto se preparava com o time no Egito para a competição da Fifa.
Magrão e Fernando Baiano também falaram. O volante, inclusive, mostrou em um vídeo as dependências do Al Wahda, clube de estrutura invejável até para alguns clubes brasileiros, e que enfrenta o Heraki United, de Papua Nova-Guiné, na próxima quarta-feira, às 14h (de Brasília), em jogo que define o adversário do Seognam Ilhwa, da Coreia do Sul, pelas quartas de final. Estiveram em pauta assuntos como a saída de Tite às vésperas da competição, a expectativa do país, a “debandada” de brasileiros do Oriente Médio, o sonho em uma decisão “brasileira”... Confira abaixo, na íntregra:
GLOBOESPORTE.COM: os Emirados Árabes Unidos já respiram o Mundial de Clubes? Qual é a expectativa no país para receber competição tão importante no futebol e do próprio time?
FERNANDO BAIANO: Sabemos que é muito difícil concorrer com clubes do mundo inteiro, mas a idéia é ganhar os dois primeiros jogos e ir para a final. Nosso time é bem inferior, mas vamos tentar fazer o melhor para levar o time o mais longe possível.
MAGRÃO: Estão falando muito mais do que no ano passado. A nossa liga parou só para o Mundial, para o nosso times se preparar, os jogadores convocados do Al Wahda não foram para a seleção... A expectativa é de representar o país, que nos deu um suporte muito grande. Queremos fazer um grande campeonato.
HUGO: Em Abu Dhabi os torcedores já estão se mobilizando. Estão todos animados com a possibilidade de irmos bem em uma competição com grandes equipes, lotaram o estádio em jogos recentes... Tudo nos motiva para fazer uma boa apresentação.
Como vocês viram a saída do Tite com o Mundial batendo na porta? Ele tomou a decisão correta?
FB: Ele tinha uma grande vontade de continuar no time, participar do Mundial, mas Corinthians é Corinthians. Todos no Brasil sabem a tradição que tem o Corinthians, que ainda estava brigando para ser campeão brasileiro, recebeu uma grande proposta... É uma pena que tenha saído, o pessoal gostava muito dele, mas torço para que seja feliz.
M: Eu conversei com o Tite, ele conversou com os jogadores, conhecemos um pouco ele, a qualidade dele. Ele foi muito bem aceito, os jogadores locais aprenderam a gostar dele, tinha tudo para dar certo. Mas ele teve a possibilidade boa de trabalho, de estar brigando pelo título, e também pelo lado financeiro.
H: A gente sabe como é o futebol, como é a nossa profissão. Uma hora está no lugar, outra hora no outro. Teve a oportunidade de ir para o Corinthians e preferiu ir. A opção foi dele e temos que respeitar. Voltou o treinador campeão com o time no ano passado, o Josef Hickersberger.
Até onde vai a sua relação com o Internacional?
FB: Joguei no Inter em 2002, tive uma passagem muito boa, ganhamos o Gaúchão, apesar de deixarmos a desejar no fim do ano. Estamos feliz porque é um clube de tradição, enorme, e tem todas as condições de chegar longe, como foi na Libertadores. Pode ganhar qualquer competição.
M: É o lugar onde consegui mais títulos, fui campeão da Sul-Americana, o time sempre estava bem. Recebo carinho até hoje quando vou para Porto Alegre e, sinceramente, não esperava isso. A passagem no Inter foi uma coisa tão boa que eu nem imaginava. Quando ganharam a Libertadores eu entrei em contato com o clube, dei os parabéns a todos. Eles possuem um grande time, já têm uma base que está jogando junto há algum tempo. Tem tudo para vir aqui e fazer um grande campeonato.
H: O Internacional é um adversário nosso. Respeito muito o Inter, o grupo é realmente muito bom, com jogadores de seleção, e espero que eles possam representar bem o Brasil. Mas eu vou torcer para o Al Wahda, time que defendo.
O sonho em uma final “brasileira” tem um quê de realidade?
FB: Sonhar todo mundo sonha. É free, como dizemos. Nosso time está entrando como coadjuvante, ninguém espera nada, e de repente pode fazer um grande papel. O sonho é esse. Simples assim.
M: Tem que sonhar que pode chegar. Os jogadores são experientes, jogam por seleções, mas sabemos que vai ter que ser na base do passo a passo para alcançar esse tão sonhado objetivo. Mas não vou pensar que vou sair na primeira rodada. Nos preparamos muito, ficamos 10 dias no Egito, vimos jogos dos outros times...
H: Estamos fazendo a nossa segunda pré-temporada, pegando forte na parte física, tática... É uma competição muito importante e estamos levando isso a sério. Sonhamos, sim.
Por que vimos nos últimos anos muitos brasileiros voltando para casa, casos de Sóbis, Emerson, Renato Abreu, Ricardo Oliveira e tantos outros?
FB: Estou no terceiro ano aqui, no primeiro joguei no Al Jazira, depois no Al Wahda. Muitos brasileiros vieram aqui e acharam que era fácil, uma vida tranquila que te oferece tudo, segurança, mas grandes jogadores que voltaram têm a certeza de que não é tão fácil, até pela correria. A liga não tem a qualidade de uma Europa ou Brasil, mas com certeza é um grande campeonato.
M: O Ricardo, por exemplo, se machucou. Os caras não vão esperar você. Tem que jogar. Eles têm dinheiro e querem exigir isso. Isso já tem que ser algo que todos precisam saber ao chegarem aqui. Querem o cara de imediato, o Ricardo estava muito bem por aqui, o Emerson também era um ídolo, e tinha muito moral.
H: Cada jogador tem sua opção, às vezes acontecem vários tipos de situações, uns retornam, outros ficam aqui e acabam virando ídolos... Os que retornam normalmente são os que têm muito mercado no Brasil, estão valorizados e com saudade de casa. Ele recebe a proposta, acha que vale a pena e o clube concorda. Tem de acontecer isso.
Um último recado para o Colorado?
FB: Desejo boa sorte, espero que possam vir aqui e fazer bonito. A torcida tem um carinho muito grande por mim, também tenho pela entidade. Vai ser muito difícil ver o nosso time chegar, e se isso não acontecer eu vou torcer para o Inter ser campeão. Tenho respeito por eles, sempre tive, e podem ter a certeza de que eu e o Magrão estaremos na torcida em caso de eliminação.
M: A minha torcida é que o time chegue à final, mas se não acontecer de nós também alcançarmos a decisão, o que não é impossível, eu vou é torcer para o Inter. Serei um torcedor do Inter na arquibancada com camisa e bandeira. E se o Hugo não quiser torcer a gente coloca uma camisa vermelha no estádio. Dá para enganar (risos).
H: Ele falou isso, é? Claro que não farei isso! Aí já é demais para mim, jamais iria poder fazer isso (risos). O Magrão criou identidade com o Inter, eu com o Grêmio, e a rivalidade existe. Sabemos que lá no Rio Grande do Sul a coisa é séria.
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