Um título, evolução e dúvidas: o saldo do GP e os passos da seleção até o Rio
Conquista da competição em Bangcoc dá provas de que seleção está no rumo certo. Natália se firma como protagonista, Sheilla cresce, mas ainda há muito o que fazer
José Roberto Guimarães desceu do pódio e já quis esquecer o título. A menos de um mês para os Jogos Olímpicos do Rio, não havia motivo para prolongar a comemoração após a conquista do Grand Prix. O treinador, tão consciente das limitações do seu time, não demorou a mudar o foco e a passar a pensar apenas no que precisa fazer até o dia 6 de agosto, quando o Brasil encara Camarões na estreia olímpica. Estava feliz, é claro, mas também quis demonstrar que o tempo é curto e que são muitos os detalhes a acertar.
O Brasil deixa o Grand Prix com um saldo para lá de positivo. No caminho até o título, conseguiu entender seus principais problemas e evoluiu. Cresceu no volume, melhorou a postura e fez frente a alguns de seus maiores rivais no caminho até o tri olímpico. Na fase final, bateu Rússia, Holanda e a temida seleção dos EUA. Feitos relevantes antes dos Jogos.
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- Sabemos que passamos pelo período mais complicado da competição (no início), o passe não estava saindo, fomos melhorando à medida que foi acontecendo. Essa fase final foi a nossa melhor etapa, mas ainda acho que o saque pode ser mais agressivo, o bloqueio precisa se portar melhor, e a defesa pode tocar mais a bola – afirmou o treinador.
No saldo do Grand Prix, fatos positivos, defeitos a corrigir, algumas certezas e muitas dúvidas. Veja os principais pontos após a conquista e o que ainda agita a cabeça do treinador.
AFIRMAÇÃO DE NATÁLIA
Promessa no ouro de Londres, Natália assumiu o protagonismo na seleção brasileira com louvor. Após uma ótima temporada pelo Rio de Janeiro na Superliga, demorou a engrenar no Grand Prix. Nas primeiras etapas, pecou muito no passe, mas não desanimou. A ponteira logo evoluiu e passou a comandar a equipe brasileira. Saiu da competição como MVP e como maior destaque individual. Ainda tem detalhes a acertar, mas se confirma como principal arma da seleção em busca do terceiro título olímpico.

EVOLUÇÃO DE SHEILLA
Na apresentação à seleção, Sheilla era uma incógnita. A temporada na Turquia não havia sido das melhores, o que causava dúvidas sobre a forma técnica da oposta, pilar da equipe de Zé Roberto. Ainda que muito do jogo brasileiro passe pelas centrais (que vivem bom momento, diga-se), Sheilla é o desafogo da seleção. Durante o Grand Prix, cresceu muito de produção e fez sua melhor partida diante da Rússia. Ainda pode mais, mas é um começo animador.
BRILHO DE DANI LINS
Em seu início na seleção, Dani Lins sempre precisou lidar com o peso de chegar na sequência de duas das maiores levantadoras da história do país: Fernanda Venturini e Fofão. Inconstante, foi alvo de críticas, mas mostrou força após renascer com o time durante os Jogos de Londres. O momento, agora, é outro. Dani mostra maturidade e precisão ao guiar o time em quadra. Nas últimas três partidas, contra Rússia, Holanda e EUA, brilhou e foi fundamental para as vitórias. Alvo maior de Zé Roberto nos treinos, diante da cobrança extrema do técnico em relação a suas levantadoras, arrancou elogios após o título.
- O que teve de bola que a Dani conseguiu jogar no meio foi muito legal de ver. A Roberta também tentou. Nosso time não é um time grande (de estatura). Precisa de uma recepção justamente para dar velocidade e fazer todo o time jogar.
ATITUDE DA EQUIPE
O início foi preocupante. Faltava vibração à equipe que começou o Grand Prix. A irritação de Zé Roberto ajudou a acordar a equipe. Ainda que tenha perdido dois jogos na competição, não faltou disposição das jogadoras até o título. A missão, agora, é aumentar ainda mais a pegada rumo aos Jogos.
PONTOS CRUCIAIS
Há, no entanto, alguns pontos a acertar. O passe evoluiu durante o Grand Prix, mas ainda não é perfeito. No primeiro set contra os EUA, voltou a falhar. Esse é o principal ponto trabalhado por Zé nos treinos da equipe, tentando fazer evoluir o sistema defensivo e a relação bloqueio-defesa. A posição de sua linha de passe em quadra também incomodou o técnico em alguns momentos, assim como o saque. Após a cobrança por ousadia no serviço, o fundamento melhorou e foi fundamental para as vitórias contra Rússia, Holanda e EUA. Mas ainda dá para evoluir.

DÚVIDAS PARA A LISTA FINAL
Após a última competição antes dos Jogos, Zé vê o tempo correr enquanto ainda define suas dúvidas em relação ao grupo final para a Olimpíada. Hoje, a maior delas talvez seja em relação às líberos. Camila Brait, que antes parecia garantida, não foi mal, mas viu Léia crescer muito durante os treinos e o Grand Prix. A líbero do Minas mostrou talento e consistência nas vezes que entrou em quadra, como na final contra as americanas. Resta saber quem o técnico vai escolher.
Há outros pontos indefinidos. No meio, Juciely e Adenízia ainda disputam a última vaga entre as centrais – Fabiana e Thaísa estão garantidas. Por fim, o posto de segunda levantadora. Quando voltar a Saquarema, Zé vai ver de perto as condições de Fabíola, que se apresentou para os treinos no dia 21 de junho. Enquanto isso, Roberta, que foi bem quando exigida, aguarda por uma chance para ir aos Jogos.

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